Empresa declarada por candidata laranja do PSL, que teria impresso 1,7 milhão de adesivos dias antes das eleições, só possui duas mesas, segundo a Folha
Após a ‘fantástica fábrica de chocolates’,responsável pela incrível evolução patrimonial deFlávio Bolsonaro (PSL), o Partido Social Liberal inaugurou uma gráfica mágica que imprime sem máquinas de impressão. A empresa Itapissu, no Recife, abriu as portas nesta segunda-feira (11) e a reportagem da Folha de S.Paulo constatou que no local há apenas duas mesas.
Ocorre, no entanto, que a candidata laranja Maria de Lourdes Paixão, indicada pelo grupo do presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, declarou ter gasto R$ 380 mil de dinheiro público nessa gráfica a quatro dias da eleição, em outubro de 2018. Ainda segundo a Folha, não há nenhum sinal de que a candidata, que teve 274 votos, tenha realizado de fato campanha.
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Apesar da votação irrisória, Paixão recebeu a maior verba do PSL, mais que o próprio Jair Bolsonaro (PSL). E de acordo com a prestação de contas da sigla, 95% da verba utilizada na campanha da candidata laranja foi destinada a gráficas que teriam feito a impressão de 1,7 milhão de adesivos um dia antes das eleições.
Gráfica… oficina de carros?
A reportagem da Folha visitou nas primeiras semanas de fevereiro um endereço que consta na nota fiscal da Itapissu, no bairro Arruda da capital pernambucana, e só encontrou no local uma oficina de carros, que funciona há quase um ano. Funcionários da mecânica relataram que correspondências com nome da gráfica costumam ser entregues no local.
Em outro endereço atribuído à gráfica e que também consta nos registros da Receita Federal, a reportagem encontrou as portas fechadas em dois dias da semana passada. Já no imóvel da Avenida Santos Dumont há um café instalado e um espaço para aulas de reforço. De acordo com a Folha, não há máquinas para impressão de material de campanha.
Curiosamente, na semana passada a publicação questionou o presidente do PSL, Luciano Bivar, que é deputado federal por Pernambuco, e ele afirmou que se a Folha fosse ao local, iria encontrar todas as máquinas. “Se não tiver máquina, você pode escrever que eu sou um mentiroso amanhã”, disse à reportagem.
Partido das laranjas?
Procurado, o advogado da suposta gráfica, Paulo José Canizzarro, alegou que não tinha autorização do cliente para repassar essa informação. O defensor também comunicou à Folha que a empresa já emitiu uma nota oficial e que essa questão específica só será respondida no momento em que as autoridades competentes notificá-los.
Uma notificação não deve chegar por enquanto, já que não há nenhuma investigação do Ministério Público em andamento, como no caso das candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais. O atual ministro do Turismo de Jair Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, que foi eleito deputado federal, utilizou um esquema de candidatas laranjas para repassar pelo menos R$ 85 mil de recursos públicos a empresas ligadas a seu gabinete.
À época, Antônio presidia o PSL de MG e indicou quatro candidatas mulheres para cumprir a cota feminina de 30% exigida pela Justiça Eleitoral, recebendo um total de R$ 279 mil do fundo partidário. Deste valor, R$ 85 mil foram oficialmente destinados a empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro.
Na tarde desta terça, a Polícia Federal intimou a prestar depoimento a candidata laranja Maria de Lourdes Paixão. O depoimento na superintendência da PF no Recife está marcado para às 11h desta quinta-feira (14). Ela será ouvida na em um procedimento chamado Registro Especial, que é um mecanismo formal para obter informações antes mesmo da abertura do inquérito policial.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S.Paulo
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